
O amor e seus avessos é o tema que percorre e costura o livro de poemas “Palavras prenhas”, obra de estreia de Gabriela Gonçalves, editada pela Literíssima Editora. Neste próximo sábado, 31, acontece uma “Conversa com a autora”, na Livraria Quixote, Rua Fernandes Tourinho, 274 – Savassi, em Belo Horizonte.
As 80 poesias que compõem o livro foram escritas, em sua maioria, durante madrugadas insones, provocadas pelo climatério. Gabriela conta que, muitas vezes, era acordada pelas palavras que ecoavam em sua cabeça, fazendo-a despertar para escrever. “A poesia me trouxe um outro tipo de fertilidade e fiquei prenha de versos que queriam ganhar vida. Me joguei sem rede e sem me preocupar com críticas. O primeiro poema, “Palavras Prenhas”, exemplifica muito bem esse período”, revela.
A poetisa sempre esteve em contato com diversas manifestações artísticas, como música, dança, teatro e artesanato, porém, inaugurou sua escrita contrariando a ideia que, em algum momento, todos escrevem poemas, como lembra o escritor Henry Louis Mencken, afirmando que “escrever poesia até os dezessete anos é algo natural, resultado das primeiras ferroadas espirituais. Continuar escrevendo poesia, depois disso, já seria um caso de persistência ou exceção.”
O convívio com a linguagem já era um hábito para ela, pois sempre escreveu. Inesperadamente, os versos começaram a preencher outras partes do dia, enquanto atendia clientes e, até mesmo, durante o banho. O poema “Extremadura” surgiu como uma voz querendo ganhar vida debaixo do chuveiro. “O vocábulo extremadura veio à minha mente e gostei dele. Da mesma forma, outras expressões vieram à tona e o livro foi ganhando corpo. Quando surgem as frases, escrevo no celular ou em qualquer papel e, às vezes, de uma maneira mais estruturada. O poema Extremadura está no livro e é um dos meus preferidos”, revela.
Os poemas da obra ganharam vida com a coragem de uma mulher sem medo de se apropriar das palavras, escritora sem preocupação e sem seguir regras. Os versos foram saindo sem a necessidade de agradar, sendo regurgitados. “Quando surgiu a ideia de escrever um livro, tinha uns 20 poemas prontos. Tive um ímpeto de fertilidade e fui cutucando as mágoas e rancores, visitei o rompimento, busquei o desamparo e o desamor, costurando os versos. Me senti impregnada”, revela. A produção foi tamanha que Gabriela já tem outro livro no prelo, resultado de edital de seleção pública para mais uma edição de poemas inéditos.
As “Palavras Prenhas” tem 126 páginas, sendo ilustradas pela artista visual Juliana Palhares. O prefácio é assinado por Vera Casa Nova e a orelha com a preparação de originais por Val Prochnow.